quarta-feira, 29 de março de 2017

MENDIGO AFETIVO



(Luiz Henrique Prieto)


Vivo de restos,
Miserável que sou.

Daquilo que os outros descartam.

Ou porque já estão satisfeitos.
Ou porque se cansaram de usar.

Restos de afetos.
Sobras de carinhos.
Farelos de ternura.
Migalhas de amor.

Me sinto usado.
Sujo.
Fedido.
E fodido.

Interesses?
Somente os alheios!

Não se importam em machucar o meu puro e inocente coração!

Pisoteiam.
Estraçalham.

Sapateiam um samba-enredo,
De salto agulha,
Sobre o meu esfarrapado coração

Escarnecem.
Cospem.
Fazem troça do mendigo afetivo.

Que lhes estende os braços,
Na doce ilusão de ser acolhido...

Eu, pobre maltrapilho.
Pedinte de afeto.
Restos e raspas, me interessam.



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